Espeleologia/Paleontologia
A região em que se acha esta Unidade de Conservação é também caracterizada por apresentar cavernas em rochas calcárias e quartzíticas com inscrições rupestres. Não há, entretanto, estudos sobre o número exato de cavernas, suas localizações e relevância histórico-científica, histórico-cultural e turística. Há ainda sítios arqueológicos com pinturas rupestres de enorme importância científica e histórico-cultural no entorno e no interior da Unidade.
Os valores culturais são muito e variados, mas pobremente estudados. Existem inúmeras pinturas rupestres, indicando civilizações antigas na região. Próximo à UC, em Santana do Riacho, há ainda sítios arqueológicos de enorme significado histórico-cultural e científico. A ocupação humana na região remonta há 15.000 anos (Prous 1998). Lá encontram-se os sepultamentos ritualizados mais antigos do mundo. Estes vêm sendo estudados pelo Departamento de Arqueologia do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais.
Muitas grutas da APA e do Parque apresentam fauna adaptada ao interior dessas cavidades, como ratos silvestres, morcegos, sapos, peixes, aranhas, opiliões (artrópodes de patas muito longas, aparentados com as aranhas), grilos, lacraias e piolhos-de-cobra, que merecem atenção especial para sua conservação.
Em 8 de janeiro de 2004 uma expedição iniciou as pesquisas na primeira caverna de quartzito descoberta em Parque Nacional no Brasil, localizada entre as Serra da Caetana e a Serra da Lagoa Dourada, a cerca de doze quilômetros da sede do Parque Nacional da Serra do Cipó. O levantamento preliminar foi feito pelo Analista Ambiental Celso do Lago Paiva, responsável pela Comissão de Espeleologia do ParNa, com auxílio do voluntário Vicente Dias da Silva e dos estagiários Dalton Ribeiro e Paolo Sartorelli.
A gruta, com salões espaçosos, com ao menos 260 metros de desenvolvimento em duas galerias, é percorrida pelo Ribeirão das Areias, que forma seis lagoas.
A gruta possui ornamentos (couves-flores e estalactites e estalagmites) delicados formados por óxido de manganês e uma rocha com milhares de micro represas de travertino. Existem colônias de morcegos, de pelo menos duas espécies, uma espécie de peixe (“cambeba”), opiliões, diplópodes (lacraia e piolhos-de-cobra), insetos, aranhas e outros organismos.
A existência de organismos adaptados a grutas contraindica a visitação pública, devendo esse ambiente especial ser incluído no Plano de Manejo do ParNa (em elaboração) como parte da Área Intangível, restrita a pesquisas.
Em 28 de janeiro de 2004 o chefe do Parque, Henri Collet, descobriu outra gruta em quartzito no extremo norte do Parque, mapeada em 30 de janeiro por Celso e Sérgio Fontes Machado, Analista Ambiental da Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira.
Revelou ter 57 metros de desenvolvimento em duas galerias e é percorrida por afluente do Ribeirão Raimundinha, que forma bela cachoeira de cinco metros de altura no interior da gruta. Apresenta população de grandes opiliões.
Em 31 de janeiro foi descoberta outra gruta em quartzito próxima à anterior, percorrida por afluente intermitente do Ribeirão Raimundinha (que percorre área de mata atlântica riquíssima). Nessa data Celso e Henri descobriram dezenas de dolinas com grutas que fazem desse morro verdadeira rede de cavidades de enorme interesse geológico e geomorfológico.
Todas as grutas em quartzito descobertas no Parna tem aberturas em sumidouro (capturando cursos-d´água) ou em dolinas (áreas circulares afundadas, florestadas, em meio ao campo rupestre) drenadas pelas grutas.
Essas descobertas valorizam ainda mais o Parque Nacional da Serra do Cipó, que mostra ter enorme diversidade de ambientes (incluindo grutas calcárias), conservados por essa unidade de conservação criada em 1984 e implantada em 1998.”
Fonte: IBAMA - Parque Nacional da Serra do Cipó